“Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, exclamou João Batista, ao ver
Jesus que vinha ao seu encontro (Jo 1,29). E completou: “Dou testemunho: ele é o
Filho de Deus” (v. 34). Para os discípulos de João Batista, esse anúncio foi tão
importante que o deixaram, para seguir Jesus. Um outro João, o evangelista, ao
final de sua vida sintetizou o que tinha sido para ele a convivência de três
anos com Jesus de Nazaré: “O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que
vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que a nossas mãos apalparam...
isso vos anunciamos” (1Jo 1,1 e 3). João evangelista deixava claro, assim, que
seu anúncio partia de uma experiência pessoal, que o havia transformado
radicalmente. Anunciava, também, que todos podem fazer idêntica experiência –
isto é, podem ouvir, ver e tocar o Filho de Deus, porque ele veio até nós,
assumiu nossa carne e se manifesta a quem o procura.
Se é próprio de Deus
manifestar-se, para nos revelar sua intimidade, e se, em vista disso, nos enviou
seu Filho, onde encontrar Jesus Cristo hoje? De que modo e em que situações ele
se revela a nós? Em que situações ele se faz presente? É importante ter
respostas claras a essas perguntas, já que o encontro com Cristo é o ponto de
partida para uma autêntica conversão.
Destacarei sete lugares de
encontro com Jesus de Nazaré – isto é, onde podemos encontrá-Lo em nossos dias.
Podemos encontrá-Lo:
1º - Em sua Palavra. Os
Evangelhos apresentam, numa linguagem clara, compreensível a todos, o que Jesus
falou e o modo como viveu entre nós. Se prestarmos atenção às suas palavras,
será inevitável: nossos corações se transformarão e produziremos frutos de
santidade.
2º - Nos pastores que dirigem
a Igreja. Cristo, pastor dos pastores, assiste os pastores que dirigem e
governam o povo de Deus, como ele mesmo disse aos apóstolos: “Quem vos ouve, a
mim ouve” (Lc 10,16).
3º - Nos sacramentos. Os
sacramentos são ações de Cristo, que os administra por meio de seus ministros.
Os sacramentos são santos por si mesmos e, “quando tocam nos corpos, infundem,
por virtude de Cristo, a graça nas almas” (Paulo VI). Cristo está sempre
presente por sua força nos sacramentos, de tal forma que “quando alguém batiza,
é Cristo mesmo que batiza” (Santo Agostinho).
4º - Na Eucaristia. O
sacramento da Eucaristia contém o próprio Cristo e é, como afirmava Santo Tomás
de Aquino, “como que a perfeição da vida espiritual e o fim de todos os
sacramentos”. A presença de Cristo nesse sacramento é de uma intensidade sem
par; é uma presença especial, uma presença “real”, “não a título exclusivo, como
se as outras presenças não fossem “reais”, mas por excelência, porque é
substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem”
(Paulo VI).
5º - Quando a Igreja reza.
Cristo está presente em sua Igreja quando ela reza, sendo ele quem “roga por
nós, roga em nós e por nós é rogado; roga por nós como nosso Sacerdote; roga em
nós como nossa Cabeça; é rogado por nós como nosso Deus” (Santo Agostinho). O
próprio Jesus prometeu: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu
estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).
6º - No pobre. Quando fazemos
o bem a um irmão necessitado, nós o fazemos ao próprio Cristo: “Todas as vezes
que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que
o fizestes” (Mt 25,40). Mais: é Cristo que faz essas obras por meio de nós,
socorrendo assim as pessoas necessitadas.
7º - Em nossos corações.
Cristo habita pela fé em nossos corações (cf. Ef 3,17) e neles derrama o amor de
Deus pela ação do Espírito Santo que nos dá (cf. Rm 5,5).
Penso ter ficado implícito que
o cristianismo não é apenas um conjunto de normas éticas e nem se resume a uma
proposta de paz e de solidariedade; ele é, acima de tudo, o encontro com uma
pessoa – a pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus Salvador. É ele é que dá
novas perspectivas à nossa vida. Cabe-nos, pois, estar atentos a seus passos em
nossos caminhos. Acolhendo-o, teremos a possibilidade de conhecê-lo sempre
melhor e de apresentá-lo a outros.
Dom
Murilo Krieger
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